Editores de moda e compradores de lojas de departamentos sempre tiveram a última palavra em quais coleções iriam lançar no mercado. Entretanto, esse padrão está mudando graças a uma cultura web mais social e com melhores ferramentas para facilitar a votação online, compras e até mesmo personalização.
Para impulsionar um maior envolvimento entre designers e seus consumidores, marcas do mundo fashion estão agora dando aos consumidores a oportunidade de escolher o que é produzido e, em alguns casos, até mesmo o que é projetado.
O resultado é um maior empenho dos clientes e menor desperdício, já que fabricantes e varejistas são capazes de calcular a demanda antes das peças serem produzidas.
Seja o Comprador
“A moda está se tranformando em um diálogo de mão dupla”, diz Vivian Weng, que lançou o e-commerce de moda FashionStake com o colega Daniel Gulati da Harvard Business School no outono passado.
Embora a FashionStake, desde então, tenha evoluído para um site de comércio um pouco mais tradicional, os dois reconheceram que os consumidores “ficaram com mais desejo de ser de alguma forma parte do processo criativo.”
Weng e Gulati também queriam descobrir novos talentos na indústria da moda. Eles criaram uma plataforma onde os designers e os clientes pudessem colaborar para financiar a criação de novos trabalhos por meio de pré-encomendas. As roupas só foram fabricadas após pedidos suficientes.
Velhas empresas pontocom, como o eBay, também estão aproveitando a mudança. Na New York Fashion Week, em fevereiro, o designer Derek Lam anunciou uma série de 16 desenhos originais, em que os compradores do eBay foram então convidados a votar. Foram dados mais de 120.000 votos para determinar os cinco vestidos vencedores.
Em ambos os casos, os consumidores – e não compradores – tiveram a palavra final (coletivamente, pelo menos) sobre os itens que se tornaram fabricados.
Seja o Designer
Algumas marcas estão indo um pouco mais longe, convidando os clientes diretamente para o processo de design. A Burberry está seguindo a liderança de startups assim como a Blank Label e a Gemvara, que permitem que os clientes escolham os padrões, materiais e outros detalhes em aplicativos passo a passo da web para criar roupas e acessórios únicos. Ainda este ano, a Burberry vai permitir que os clientes projetem seus próprios trench coats.
Utilizando um aplicativo da web, os consumidores poderão escolher o estilo, cor e detalhes de suas próprias encomendas na Burberry. Com mais de 12 milhões de combinações possíveis, é possível criar algo único. É um modelo eficiente, pois as roupas só são produzidas após o pedido ser feito, negando assim qualquer possibilidade de excesso de estoque.
A designer de acessórios Rebecca Minkoff tem dado ainda mais liberdade aos consumidores. Ela se voltou para a comunidade de moda online Polyvore para ajudar a desenvolver sua próxima coleção no início desse ano. Ela forneceu imagens de materiais aos usuários, incluindo couro, zíperes, alças, etc, e pediu que fossem criativos.
Cerca de 4.000 usuários enviaram mais de 6.000 modelos diferentes ao longo de uma semana. A vencedora estreou em um desfile da Minkoff durante a New York Fashion Week em fevereiro e foi colocado à venda na primavera desse ano.
A Minkoff acredita que a colaboração entre os consumidores e designers são “uma ótima maneira de todos os designers realmente entenderem o que o cliente quer da sua marca”, diz ela. “Ter meus clientes como parte dessa colaboração tem realmente mostrado que eles entendem a minha estética e teoria de design.”
A Noção de “O Designer” Está se Tornando Obsoleta?
Embora existam novas oportunidades para o envolvimento entre designers e consumidores, a co-fundadora da Polyvore Jess Lee, está ciente de que algumas pessoas pensam que essas colaborações comprometem a integridade artística do processo de design. O que é importante, ela acrescenta, é preservar a visão do designer, o que todos os projetos citados acima fazem.
Apesar das empresas citadas terem convidado os consumidores a se tornarem parte do processo de design, elas mantêm o controle, garantindo que os produtos expressem seu estilo e escolha, enquanto se envolvem de uma maneira nova com o consumidor.
“Os clientes precisam ser parte de uma experiência pessoal”, diz Weng. “Mais e mais sites irão tentar construir conexões diretas com seus clientes para se engajar diretamente com eles.”
Fonte: Mashable
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